Ensaio: Ação Educativa no Museu do Trabalho com Jovens Recrutas
Projeto Olhares, descobertas e
experimentação em Arte Contemporânea
Isabel Ayala[1]
Resumo: Neste artigo relato
a experiência na elaboração e aplicação do projeto de ação educativa "Olhares, descobertas e experimentação em Arte
Contemporânea", aplicado em 2016 no Museu do Trabalho, localizado
no Centro Histórico de Porto Alegre, com a participação de um grupo de jovens recrutas do
Exército Brasileiro.
Abordo em forma de ensaio a situação de origem do projeto e as motivações que
levaram às escolhas da instituição museal e do público-alvo, assim como as situações
ocorridas durante o desenvolvimento do mesmo. Apresento também os resultados, entre
eles a aproximação de um museu de arte e ofício com um público que circula em
seu entorno e que, no entanto, não conhecia a instituição. O objetivo deste artigo é mostrar minhas ações e impressões do início ao fim da
aplicação do Projeto Olhares, uma
atividade que trouxe importante contribuição às discentes para suas futuras práticas
de educação em museus.
Palavras-chave: ação
educativa; educação em museus; Museu do Trabalho; museu e público-alvo; Recrutas
do Exército.
Introdução
O
objetivo deste ensaio é apresentar a experiência que tive com o projeto, na
qual fui coautora, denominado "Olhares, descobertas e experimentação em
Arte Contemporânea", aplicado junto ao Museu do Trabalho, com a
participação de jovens recrutas do Exército, em novembro de 2016. O Projeto
surgiu a partir da disciplina Educação em Museus do Curso de Museologia da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, proposto pela docente, a Professora Doutora
Zita Rosane Possamai, como atividade prática do semestre. Foi lançado então, o
desafio de elaboração de um projeto de
ação educativa em museu, o qual precisaríamos planejar e aplicar junto a
uma instituição museal, considerando a participação presencial de um público
específico, ou seja, um exercício de teoria e prática. Definido o tipo de atividade
a realizar, mesmo com todas as incertezas possíveis, juntei-me à colega Marta
Busnello para realizarmos o projeto juntas[2].
Textos
de autores de áreas, tais como, educação
patrimonial, educação em museus,
educação em arte, foram indicados e trabalhados em sala de aula pela nossa
docente no decorrer do semestre, assim como foram realizadas visitas técnicas a
museus com a mediação de ex-colegas do Curso de Museologia e futuros colegas de
profissão. Alguns autores e autoras abriram nossos olhares para seguir um
caminho durante o desenvolvimento do trabalho. Conversas e discussões em sala
de aula também nos ajudaram a encontrar o foco do nosso projeto que, em dado
momento, mesmo depois de público-alvo e museu definidos, ainda não apresentava
um formato bem delineado.
Embora
tivéssemos uma boa intenção em relação ao que simboliza e representa a
aplicação de um projeto desta espécie, estávamos ainda confusas em como
realizar de forma concreta a proposta e em como expandir ou, até mesmo, limitar
nossos objetivos. Por tratar-se, então, de um projeto realizado por duas alunas,
apresento neste ensaio as atividades que realizamos juntas assim como as ações
de "bastidores" que realizei individualmente, das quais terei um
pouco mais de propriedade em relatar, comentar e analisar. Confesso que
escrever este ensaio foi mais complicado do que elaborar o projeto em si, pois
não foi fácil reorganizar todas as ações já realizadas e ainda fazer uma
análise sobre elas. Demorei muito até iniciar de fato a escrita deste relato
sobre a experiência, gratificante por sinal, de aplicar esta ação educativa através
de um projeto de educação em museu, o qual foi pensado, elaborado e executado
por nós, duas alunas ainda na fase inicial do Curso de Museologia.
Sem
a pretensão de mostrar como se pode fazer mas, com o objetivo de mostrar como
fizemos, apresentando tanto os acertos quanto as falhas, talvez esse texto torne-se
extenso, pois não tenho o talento necessário para deixar algo para trás, sem o
devido remorso. Minha intenção é realizar um ensaio onde as reflexões sobre a
aplicação propriamente dita da ação educativa junto ao público-alvo dentro do
Museu do Trabalho, venham acompanhadas da visão de todo o cenário que propiciou
a ideia para este projeto e o trabalho que desenvolvemos antes, durante e após a
visita dos jovens à instituição. Este ensaio ou relato de experiência, como
preferir, será desenvolvido numa linha de tempo o mais próxima possível da
sequência cronológica das ações. A partir daqui, refiro-me ao projeto em
questão, como "Projeto Olhares" ou "Olhares". Pretendo
apontar o máximo de ações realizadas, as quais considero, de alguma forma, válidas
a quem tiver interesse na área e que possa deparar-se com um desafio semelhante
ao nosso.
Espaço
geográfico
A
seguir, com o objetivo de situar melhor o(a) leitor(a) que talvez não conheça o
Centro Histórico de Porto Alegre, apresento o espaço geográfico onde foi
desenvolvido o Projeto Olhares, através de um detalhe do mapa da capital.
Imagem
acessada e alterada com as anotações em janeiro/2017
Fonte:
Google Maps.
Neste trecho de mapa acima, fiz algumas anotações,
apontando as três instituições envolvidas, onde fica evidente a proximidade entre as
sedes das mesmas.
A próxima imagem trata-se da fachada principal do Museu
do Trabalho com seus três pavilhões. Em primeiro plano o pavilhão de exposições e escritório da
administração; em segundo plano, o pavilhão da oficina de gravuras; em terceiro plano, o Teatro do Museu.
Museu
do Trabalho. Fachada principal - Rua dos Andradas, 230.
Fonte:
Acervo Isabel Ayala
Além do Museu do trabalho, considero importante
apresentar o Quartel da 8ª CSM e o Museu Militar. Os recrutas cumpriram, até o
final de 2016, o serviço militar na sede da 8ª CSM - Circunscrição de Serviço
Militar, responsável pelo alistamento e incorporação dos cidadãos da metade dos
municípios do RS. Sua sede localiza-se na Rua dos Andradas, em
frente ao Museu Militar do CMS e ao lado da Igreja Nossa Senhora das Dores. O
Museu Militar do CMS foi o local de encontro com os jovens militares e desde o
início, o local de comunicação com o Comando Militar, através da museóloga da
instituição, a Tenente Nathália Santos da Costa.
Quartel
da 8ª CSM - Circunscrição de Serviço Militar.
Rua dos Andradas, 629.
Fonte:
Internet (Google Earth)
Museu Militar do
Comando Militar do Sul (MMCMS).
Rua
dos Andradas, 630.
Fonte:
Acervo Isabel Ayala
As
três instituições envolvidas, com endereço na rua dos Andradas, coração e parte
do Corredor Cultural do Centro Histórico de Porto Alegre.
Contato com museus e público
Tivemos
poucos meses para entrar em contato com museus, público, receber as respostas
positivas, conhecer a instituição museal e suas atividades, assim como as
possibilidades com o público, além de elaborar, organizar e aplicar o projeto
em questão. Afinal, toda a ação deveria estar concluída até o final do semestre
letivo, que teve seu início no mês de agosto de 2016. O mais coerente seria
escolher uma instituição e um público-alvo que estivessem próximos
geograficamente.
Cabe informar que Marta e eu não tínhamos qualquer
relação profissional ou contato direto anterior com a instituição museal objeto
de nosso projeto, assim como com a instituição de nosso público-alvo. A escolha dos
jovens militares para vivenciar essa experiência junto a um museu, teve como
estímulo o fato de meu filho prestar serviço militar neste mesmo ano (2016).
Embora ele não faça parte do público participante, por não cumprir seu serviço
nas imediações do Centro Histórico, não pude deixar de perceber e
"olhar" os jovens militares
como um público-alvo em potencial, iniciando o contato com o Comando Militar do
Sul (CMS), logo após a proposta lançada em sala de aula.
No momento dos primeiros contatos
com o CMS, a instituição museal ainda não estava definida, pois aguardávamos as
respostas dos museus consultados. Quando entramos em contato com o diretor do
Museu do Trabalho, Hugo Silva, informamos a nossa intenção em realizar um
projeto que apresentasse o Museu aos Recrutas do Exército que trabalham no
Centro Histórico de Porto Alegre, ou seja, seus vizinhos militares. Alguns dias
depois, para nossa satisfação, tivemos a concordância do diretor. A partir deste momento, coloquei-me à
disposição do diretor Hugo Silva e ofereci minha colaboração, de forma
voluntária, junto às atividades relacionadas às exposições de arte. Meu
objetivo era conhecer um pouco do cotidiano do MT, sua história e a oficina de
gravuras, além de estreitar laços com a sua equipe de trabalho. Na mesma
semana, seguindo as instruções recebidas do Comando Militar do Sul, encaminhamos
um ofício junto ao protocolo da instituição, no qual solicitávamos à
corporação, a autorização da participação dos jovens militares em um projeto
educativo no Museu do Trabalho.
Nesta fase de contato com o Museu e
com o Comando Militar do Sul, não sabíamos ainda, o que exatamente poderíamos
desenvolver. Se houvesse resposta negativa de qualquer um dos lados, teríamos
que pensar em reiniciar contatos com outras instituições ou possíveis públicos.
Mas, para a nossa satisfação, ainda em setembro de 2016, recebi a ligação no
meu celular, do militar que apresentou-se como Tenente-Coronel Joel,
respondendo ao pedido protocolado na sede do Comando e solicitando que eu
entrasse em contato com a Tenente Nathália, para passar mais detalhes e
intenções do projeto. Logo adiante, descobrimos que a Tenente Nathália era
museóloga do Museu Militar. Estávamos, então, com as duas respostas positivas de
colaboração que esperávamos. Museu do Trabalho e jovens recrutas do Exército
seriam os atores principais do nosso futuro projeto.
Paralelamente a esse voluntariado no MT,
iniciamos as conversas por telefone, aplicativos de celular e até mesmo
encontros presenciais com a Tenente Nathália, para as tratativas a respeito dos
detalhes da participação dos jovens recrutas. Dependíamos da organização
estrutural do Comando Militar em relação ao efetivo dos jovens militares, para
combinarmos o(s) dia(s) e horário(s) para a realização da ação educativa que
fosse(m), também, de acordo com a agenda das atividades do Museu Trabalho. No entanto, o primeiro contato direto com os
jovens deu-se apenas no dia da ação, no saguão do Museu Militar, onde nos
encontramos com os mesmos para, em seguida, nos deslocarmos em caminhada até o
Museu do Trabalho.
Voluntariado no Museu e início do Projeto Olhares
Com a resposta positiva do Museu do
Trabalho, a dificuldade encontrada foi
pensar em um projeto para um museu que já sobrevive de suas atividades, com a
colaboração de seu público extremamente fiel e muito ligado às artes,
principalmente, às artes gráficas. Ao mesmo tempo, tínhamos a possibilidade de realizar um projeto inédito
junto ao MT, com a escolha de um público
que ainda não conhecia o museu e as atividades ali propostas. O Projeto Olhares
começou a ser elaborado, então. Sabíamos que o Museu tem em sua estrutura o
espaço para exposições de arte, a sala de maquinários, a oficina de gravuras e
escultura e o Teatro do Museu[3].
Começamos a planejar uma atividade
dentro da oficina de gravuras, onde pudessem conhecer alguma das técnicas
usadas para a produção de arte impressa. Pensamos também, em fazer uma mediação
junto à exposição de arte contemporânea que seria instalada em outubro. Embora
soubéssemos qual artista seria o autor desta futura exposição, ainda não tínhamos
ideia do que ele faria. A sala do maquinário estava há alguns meses, fechada
para visitação porém, seria um espaço de circulação durante a ação com os
jovens, além de ser o motivo principal de o Museu chamar-se "Museu do
Trabalho". Naquela sala de maquinários estaria, também, o motivo inicial da
existência da instituição e seria importante considerar os objetos e máquinas
que ali se encontravam, mesmo que considerássemos, no momento da mediação, uma
reserva técnica do MT.
Em setembro, havia uma exposição da
artista Viviane Pasqual[4],
artista de Caxias do Sul, uma importante cidade serrana do Rio Grande do Sul.
Placas em metal, desenhos e bordados estavam no salão do Museu. O diretor do Museu aceitou minha ajuda na
desmontagem desta exposição, mediante minha proposta de voluntariado.
A
artista Vivi Pasqual (à esquerda) conversando com uma convidada.
Fonte:
Acervo Isabel Ayala
Pretendendo então, conhecer melhor o
Museu e "preparando o terreno" para conquistar a confiança de Hugo
participei, em primeiro momento, da palestra de encerramento da Exposição de
Viviane Pasqual, colaborando com a organização do espaço de recepção aos
convidados, onde também, assisti o pronunciamento da artista e do curador.
Três dias depois, trabalhei na desmontagem da mesma exposição e percebi o
carinho e o respeito de Hugo e sua funcionária Anne[5],
para com a artista e suas obras e segui a mesma linha, ao embalar as obras que
não haviam sido vendidas, de forma que ficassem totalmente protegidas, para
suportar a viagem de volta à Caxias do Sul.
Algumas semanas depois, no mesmo
espaço, auxiliei diretamente o artista Eduardo Frota[6]
na montagem da exposição/intervenção Associações Disjuntivas II, que
ficaria instalada até o final de novembro e que teria um papel fundamental em
nossa ação de mediação junto ao público-alvo. A exposição de Eduardo Frota
seria, então, um dos elementos do nosso projeto, pois ficaria em cartaz até o
fim do mês de novembro, o que nos daria condições de planejar e organizar a
mesma, junto às demais atividades da ação educativa com os jovens militares.
Pessoalmente, esta atividade que durou
cerca de uma semana, foi muito
satisfatória pois o tempo de trabalho na montagem desta exposição me permitiu,
conhecer e conviver com o artista e perceber sua obra de um jeito diferente,
participando de forma direta durante sua criação. Além disso, pude circular
pelos espaços do Museu, me aproximar do mestre da oficina de gravuras para
iniciarmos com as ideias possíveis para uma dinâmica, iniciar uma relação de
amizade com Hugo e Anne, os principais responsáveis pela vida do Museu do Trabalho.
Muitas contribuições[7]
interessantes foram surgindo durante esse tempo de convívio com a equipe do MT
e o Projeto foi tomando forma. Em paralelo a esta atividade "braçal",
diálogos recorrentes com Marta eram realizados e nossas ideias foram somando-se
até chegarmos, definitivamente, à definição do que faríamos.
Eduardo
Frota em ação ao fundo.
Detalhe de uma escada deslocada.
Fonte: Acervo Isabel Ayala
Fonte: Acervo Isabel Ayala
Hugo
Silva (centro da foto) e equipe, durante
montagem da Exposição
Associações Disjuntivas II de Edu Frota.
montagem da Exposição
Associações Disjuntivas II de Edu Frota.
Fonte: Acervo Isabel Ayala
Nosso projeto tomou forma e estava
com as atividades definidas em outubro. Estávamos, então, aptas a aplicar a
atividade junto ao grupo de jovens militares. No início de novembro, conforme
agendamento prévio entre todos os envolvidos (Comando Militar, Museu do
Trabalho, Mestre Paulinho), realizamos o primeiro dia de ação. Após nos
encontrarmos com os jovens no saguão do Museu Militar fomos conversando informalmente
até o MT. Sem uma descrição[8]
muito técnica das atividades, informo a
seguir o que realizamos durante a ação, propriamente dita.
Apresentamos a parte externa do
prédio do Museu do Trabalho, onde haviam grafites de vários artistas, ao mesmo
tempo em que conversávamos sobre a arte contemporânea, arte de rua e a própria
história do Museu; realizamos uma dinâmica junto à exposição do artista Eduardo
Frota, aproximando-os de uma arte intervenção em espaço arquitetônico;
visitamos a sala do maquinário e falamos sobre algumas máquinas e equipamentos
e realizamos, por fim, uma atividade na
oficina de gravuras, com a demonstração do processo de litografia[9],
apresentado pelo mestre Paulinho[10].
Mestre Paulinho com a primeira
turma.
Fonte: Acervo Isabel Ayala
Fonte: Acervo Isabel Ayala
Essa atividade na oficina foi
especialmente pensada para os jovens militares, pois além de o mestre preparar
um material específico para a ação do Projeto Olhares, convidamos por fim, os
mesmos a realizar um desenho em uma pedra litográfica.
Marta e eu havíamos criado um
desenho "fantasma" representativo sobre uma pedra e os jovens
"divertiram-se" deixando seus traços e suas marcas, criando o que se
tornaria futuramente em uma litogravura. Desta primeira turma, formada por dez
militares, as gravuras impressas foram guardadas, em primeiro momento, por nós.
Duas semanas depois, a segunda turma formada por uma dupla, realizou o mesmo
roteiro e produziu outro desenho em outra pedra.
Gravura impressa da primeira turma
Fonte: Acervo Isabel Ayala
Gravura impressa da segunda turma (dupla)
Fonte: Acervo Isabel Ayala
Semanas depois, os desenhos das duas turmas tiveram como resultado doze gravuras impressas originalmente na máquina litográfica. Em dezembro, deixamos à disposição dos jovens, no Museu Militar, as arte-gravuras produzidas por eles.
Sobre os Jovens Recrutas
Devido à estrutura organizacional do
Comando Militar, não tivemos contato prévio com os jovens militares e sequer
sabíamos quem seriam os meninos que fariam parte do grupo a ser mediado durante
as visitações ao Museu do Trabalho. A própria Tenente Nathália não tinha como
saber quem seriam os soldados liberados para a ação educativa que estávamos
propondo. No entanto, nossa preocupação a todo momento, sempre foi de proporcionar
uma experiência em que somasse algo ao conhecimento ou desconhecimento que eles
talvez tivessem do Centro Histórico, especialmente do próprio Museu.
Não pretendíamos realizar uma ação
apenas para cumprir um exercício acadêmico mas, sim, algo que pudesse
proporcionar uma experimentação com algo novo aos jovens e que pudesse
despertar um novo olhar ao que, muitas vezes, está próximo de qualquer um de
nós e que nos distanciamos sem perceber. Em vários momentos, fiquei insegura ao
que estávamos propondo, em relação à resposta dos jovens, quando estivessem de
fato, sendo deslocados de seu local de trabalho para uma atividade fora de seu
ambiente e rotina diária.
Devido à organização de efetivo no Comando
Militar, nosso projeto foi desenvolvido
considerando aplicações do mesmo roteiro para três turmas de recrutas, em datas
diferentes. Cada turma, seria com dez soldados, em princípio. No entanto, após
ajustes e possibilidades do próprio Comando realizamos a ação com duas turmas. A primeira turma com nove recrutas e uma Sargento
e a segunda turma com dois recrutas. De qualquer forma, foi gratificante, pois
no total, onze rapazes e uma jovem Sargento, colaboraram com a ação de uma
forma enriquecedora.
Acredito que conseguimos somar algo
aos jovens, assim como aprendemos bastante com eles. Alguns já conheciam ou se
interessavam por arte, outros não conheciam qualquer museu do Centro Histórico.
Inclusive, passavam por diversas vezes, pelo prédio do MT sem ter ideia do que
se tratava. Ficaram muito surpresos com o que experimentaram com a atividade
que conseguimos proporcionar a eles.
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
Foi um desafio, de
fato, realizar um projeto e executar o mesmo em um museu onde não havíamos
feito sequer algum estágio e onde não tínhamos contato ou amizade com os
profissionais envolvidos em sua administração ou atividades e que conhecíamos
apenas como qualquer visitante comum. Além disso, nosso público-alvo, de certa
forma, não esperava ser convidado para uma atividade educativa ligada à arte, no
horário de serviço e fora dos domínios da instituição que o abriga. Um dado
positivo: esse cenário mudou e para melhor, tanto em relação ao Museu do
Trabalho quanto ao nosso público-alvo. Fui convidada a estagiar no Museu e a
Tenente Nathália informou que o Comando Militar está aberto a novos projetos
que venham a surgir. Reconheço que podíamos ter dado mais atenção ao maquinário
do MT. Mas este erro será corrigido nos próximos trabalhos junto ao Museu do
Trabalho.
Pretendo levar outras
turmas de recrutas em 2017, através de projetos elaborados como integrante,
mesmo que provisória, do Museu do Trabalho. Gostaria de perceber como será com
os próximos jovens recrutas e até mesmo, se possível, levar alguns dos jovens
que participaram deste Olhares, pois alguns continuarão no serviço militar. O público-alvo
escolhido é um público original, pelo que percebemos, por não encontrarmos
qualquer referência em outros trabalhos. Percebi com este projeto
que nós, museólogo(a)s, além de buscar novos olhares do público para com as
atividades de um museu, podemos também olhar e perceber estes públicos que
estão perto e, ao mesmo tempo, longe dos museus.
Aprendi que a busca de uma relação
museu e público não se resume a pesquisar e organizar o acervo, montar uma
exposição, abrir as portas da instituição e aguardar o visitante entrar. Elaborar
e executar um projeto de ação educativa, para a disciplina Educação em Museus,
possibilitou-me, além de valorizar ainda mais os profissionais que se dedicam a
esta área, uma melhor compreensão em relação à responsabilidade social de um(a)
profissional em museologia.
Referências
Bibliográficas
GUARNIERI,
Waldisa R. C. Exposição: texto museológico e o contexto cultural. 1986d.
In: BRUNO, Maria Cristina Oliveira (Org.) Walsisa Rússio Camargo Guarnieri:
textos e contextos de uma trajetória profissional. Vol. 1, 1. ed. São
Paulo: Pinacoteca do Estado; Secretaria de Estado de Cultura; Comitê Brasileiro
do Conselho Internacional de Museus, 2010. p. 137-143
GRINSPUM,
Denise. Educação para o patrimônio: Museu de arte e escola –
Responsabilidade compartilhada na formação de públicos. 2000. 131p. Tese
(Doutorado) – Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo. p.
7-27 (capitulo 1).
SANTOS,
Maria Célia Trigueiros Moura. Museu e educação: conceitos e métodos,
2001. [Artigo extraído do texto produzido para aula inaugural do Curso de
Especialização em Museologia do Museu de Arqueologia e Etnologia da USP,
proferida na abertura do Simpósio Internacional “Museu e Educação: conceitos e
métodos”, realizado no período de 20 a 25 de agosto].
Projeto Olhares, descobertas e experimentação
em Arte Contemporânea.
Disponível em: https://belayala.blogspot.com.br/2016/12/projeto-olharesmuseu-do-trabalhojovens.html
[1] Graduanda do
Curso de Museologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Coautora do Projeto Olhares, descobertas
e experimentação em Arte Contemporânea, uma atividade exercício da
Disciplina Educação em Museus 2016/2, ministrada pela Profª Drª Zita Rosane
Possamai.
[2] Em determinados momentos
do texto utilizo-me do pronome em primeira pessoa do plural e em outros, em
primeira pessoa do singular. Isso deve-se ao fato de o projeto ter sido
realizado em parceria com minha colega
Marta Busnello. No entanto, citarei algumas atividades realizadas por mim,
individualmente e em caráter de voluntariado, junto ao Museu do Trabalho,
durante o processo de elaboração e execução do Projeto.
[3] O Teatro do Museu não entrou no
Projeto, pois não tínhamos o tempo suficiente para elaborar uma dinâmica que,
além das artes gráficas e a exposição de arte contemporânea, envolvesse as
atividades cênicas que ocorrem no MT. No entanto, não descarto esta ideia para futuros projetos.
[4] Viviane Pasqual - artista de
Caxias do Sul, estava com a Exposição Bordados, Desenhos e Placas. Os
desenhos e placas, em sua maioria, tratavam da celebração aos imigrantes
senegaleses, domiciliados em Caxias, quando em busca de emprego nas indústrias
da região. Em geral, o trabalho de Viviane é muito colorido e bem humorado.
[5] Anne, estudante alemã. Trabalha,
atualmente, no Museu do Trabalho e em uma ONG que ajuda estrangeiros a
conseguirem hospedagem em Porto Alegre.
[6] Eduardo Frota é um artista
cearense e já realizou outros trabalhos
em Porto Alegre nos últimos anos. Suas obras causam impacto e, geralmente,
transformam o espaço destinado às suas exposições.
[7] Informações sobre os grafites
nas paredes externas do prédio do MT e seus respectivos autores foram passadas
por Anne e Hugo. Isso possibilitou contato pelas redes sociais com os artistas,
os quais contribuíram com informações sobre suas obras, tanto no Museu como em
todo o Brasile, inclusive no exterior.
[8] O texto completo do Projeto Olhares, Descobertas e
Experimentação em Arte Contemporânea pode ser encontrado no blog Na Trilha do Saber, através do endereço www.belayala.blogspot.com.br, assim
como outras publicações relacionadas ao
Curso de Museologia.
[9] Processo de produção de gravura
originada através de um desenho feito em pedra litográfica.
[10] Mestre Paulinho - Paulo
Chimendes - tem formação em litografia,
xilogravura, gravura em metal, desenho e escultura.
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