quarta-feira, 2 de julho de 2008

JORNALISMO SOLIDÁRIO

JORNALISMO SOLIDÁRIO: EM BUSCA DA CIDADANIA




RESUMO

Este trabalho aborda a leitura de obras que trazem referência à importância da informação e comunicação na formação do cidadão, trazendo ao leitor as idéias de alguns escritores. Busca, também, mostrar as ações de profissionais ligados à área de comunicação social com seus projetos de jornalismo solidário, além de apresentar os assuntos tratados durante seminários desenvolvidos no decorrer da disciplina Fundamentos Científicos da Comunicação (do Curso de Arquivologia 2008/1). Apresenta a importância da independência política na mídia, para o pensamento livre em busca da cidadania. Aborda a força dos grandes veículos de comunicação de massa na formação ou deformação do espírito crítico do cidadão leitor e espectador. Conclui com a manifestação de que o jornalismo solidário é, no momento atual, um dos melhores caminhos para a formação de um cidadão consciente de sua liberdade de escolha, na busca de um papel na sociedade.

Palavras-chave: Cidadania. Comunicação de massa. Jornalismo solidário. Liberdade de escolha. Mídia. Sociedade.

1 INTRODUÇÃO

A construção da cidadania, quase sempre, existiu partindo de alguma força maior ou acima da sociedade. Onde existiam chefes de estado, líderes religiosos ou qualquer outra forma de dominação do pensamento coletivo, hoje em dia os grandes veículos de comunicação têm assumido esse papel. A sociedade do mundo contemporâneo vive de acordo com as regras, não propriamente impostas, mas reforçadas pelas mídias impressa, eletrônica e virtual. “Os meios de comunicação para massas, então, antes confirmam do que alteram as opiniões gerais e, em regra, refletem as normas sociais”. (Marcondes Filho, 1993, p. 83).
Os indivíduos que formam determinados grupos na sociedade, têm, impregnado em seu pensamento, a idéia de que fazem parte de um estilo de vida. Procuram assistir, ouvir, ler e “consumir” programas que mantenham e reforcem essa acomodação social. Os meios de comunicação direcionados à grande massa de leitores, espectadores e consumidores cumprem o papel de enraizarem, cada vez mais, estes conceitos.
Considerados como empresas e comprometidos com o poder político e financeiro, os poderosos órgãos de imprensa, em sua maioria, seguem o caminho da

manipulação das informações e dos fatos reais. A realidade, apresentada pela grande mídia, retrata ao grande público, idéias, muitas vezes, preparadas e manipuladas. Essa manipulação pode ser vista como um reflexo aparente da verdadeira realidade:

A relação entre a imprensa e a realidade é parecida com aquela entre um espelho deformado e um objeto que ele aparentemente reflete: a imagem do espelho tem algo a ver com o objeto, mas não só não é o objeto como também não é a sua imagem; é a imagem de outro objeto que não corresponde ao objeto real. (ABRAMO, 2003, p. 24).

Este artigo, portanto, aborda a importância da mídia na formação da cidadania, trazendo algumas leituras sobre a grande mídia nacional, além de apresentar alguns exemplos de jornalismo solidário. Este último, abordado como uma alternativa de mídia no Rio Grande do Sul, ao atender diretamente as comunidades. Por fim, mostra a possibilidade de cada indivíduo perceber seu pensamento crítico e sua liberdade de escolha para tornar-se, efetivamente, uma parte importante desta engrenagem chamada sociedade.

2 MÍDIA ELETRÔNICA

Sem dúvida, a televisão é algo fascinante. Quanto mais simples é a vida do cidadão, mais importância tem a televisão. A mídia eletrônica utiliza-se dos espetáculos jornalísticos para prender a atenção do telespectador ou ouvinte. As noticias passam na tela, em ritmo acelerado, como se fosse um “show” de imagens e narrações. Geralmente, os telejornais iniciam com uma vinheta e uma música poderosa, fazendo com que o consumidor de notícias desperte para, após, ser hipnotizado pela tela.
O radiojornalismo tem um papel também muito forte no cotidiano do cidadão brasileiro. As grandes redes de comunicação englobam tanto as mídias eletrônicas – televisão e rádio – quanto o jornal impresso. A detenção de propriedade de vários canais de televisão, várias estações de rádio, vários nomes de jornais e portais de rede virtual por um mesmo grupo de comunicação, mantém a dominação constante no que diz respeito à divulgação das mensagens. As estações de rádio seguem a mesma linha de pensamento ideológico e político da empresa detentora e atingem um número tão expressivo de consumidores quanto a televisão e o jornal.
Obviamente, o aparelho de televisão e o rádio não estão sendo considerados monstros da comunicação. Afinal, os programas são planejados, desenvolvidos, produzidos, apresentados e assistidos por pessoas. O que está em ênfase é a forma com que, a maioria dos grandes veículos privados de comunicação, faz a notícia ou os fatos jornalísticos chegarem ao cidadão brasileiro. A função do telejornalismo e do radiojornalismo é a de informar ou esclarecer a opinião pública, a respeito dos fatos que se tornam notícia, sem manipular ou impor idéias pessoais:

Esclarecer a opinião pública não significa, de maneira alguma, torcer os fatos nem impor conceitos pessoais. Poderíamos dizer, mais adequadamente, que se trata de “trocar em miúdos” as notícias veiculadas, dando inclusive, pormenores paralelos. Exemplo: ao noticiar uma “revolução” numa república centro-americana, além de localizá-la no mapa, contar ao telespectador qual a forma de governo que existia e qual a tendência do movimento vitorioso; qual sua população, religião, principal produção, poder aquisitivo do povo, coisas folclóricas, etc. ” (Teodoro, 1980, p.38).

O espetáculo de alguns telejornais faz com que as notícias sejam processadas pelo público, da forma com que a equipe do programa edita as mesmas. A grande característica do radio e do telejornalismo, hoje em dia, é a capacidade de atingir, no mesmo minuto, uma parcela gigantesca da população. O problema está no fato de que, milhões de pessoas assistem os programas de notícias e se estas chegarem distorcidas, assim serão assimiladas e processadas pela opinião pública.
De acordo com Ciro Marcondes Filho (1993), “Lindlau1 acredita também que quem colabora com essa perda da realidade e da crítica são os grupos de interesse político e os partidos, pois precisam combater qualquer fato da realidade que não lhes traga benefícios”.
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1 Dagobert Lindlau - Jornalista alemão. Autor da obra: A perda da realidade da televisão e seus críticos, uma revisão da razão jornalística. IN Cadernos de Jornalismo e Editoração: http://hdl.handle.net/1904/7671
3 JORNALISMO IMPRESSO

A dúvida em relação à possibilidade de um jornalismo sem manipulação é presente tanto na mídia eletrônica, com seus telejornais, quanto na mídia impressa, com seus jornais, folhetins e revistas semanais:

Se é possível fazer jornalismo com objetividade, por que o jornalismo manipula a informação e distorce a realidade? Se é possível identificar e distinguir padrões reiterativos de manipulação, ela é fruto do erro involuntário, da causalidade excepcional ou das naturais limitações da capacidade de observação e conhecimento? Certamente, não. A conclusão a que se pode chegar, pelo menos como hipótese de trabalho, é a de que a distorção da realidade pela manipulação da informação é deliberada, tem um significado e um propósito.” (ABRAMO, 2003, p. 42)

Tratando-se das revistas semanais, temos claramente, diversos exemplos de tendências políticas. A abordagem de um periódico, muitas vezes, é contra-atacado por outro, pelo simples fato de participarem de correntes ideológicas diferentes. Não existe o compromisso de informação e esclarecimento puro à sociedade.
No caso dos grandes veículos de comunicação, somos leitores e espectadores de uma grande batalha de imagens, entrevistas e, muitas vezes, de fatos distorcidos. Não existe, na grande imprensa, a participação efetiva da comunidade, até porque, geralmente, esta não tem acesso a todo o tipo de material jornalístico. Se um meio de comunicação transparece uma certa visão política ao seu leitor, provavelmente, isso não é obra, apenas, do profissional que escreveu a matéria. Existe toda uma equipe por trás, até chegar aos donos do órgão.
De acordo com Perseu Abramo (2003), “a discussão que deve ser feita, portanto, é a que possa nos levar a compreender porque os empresários da comunicação manipulam e distorcem a realidade”. Afirma, ainda que:

Uma das explicações para essa questão procura situar a raiz da resposta no campo econômico. E há duas vertentes para a explicação[...] do fenômeno. A primeira desloca para a figura do anunciante a responsabilidade última e maior pelo produto final da comunicação: [...] o empresário se vê obrigado a manipular e distorcer. A segunda vertente centra a explicação na ambição de lucro do próprio empresário de comunicação: ele distorce e manipula para agradar seus consumidores [...]e aumentar seus lucros: a responsabilidade é do próprio empresário de comunicação, mas a motivação é econômica. (ABRAMO, 2003, p. 42).

Claramente, o lucro não é o único fator que pode explicar a manipulação da realidade e do fato jornalístico. Como dito anteriormente, interesses políticos também têm um grande peso na manipulação da realidade, já que donos de jornais possuem uma estreita relação com as cadeiras legislativas e executivas do Estado. O desejo de manter-se no poder é um dos fortes elementos que contribuem para este reflexo imperfeito da verdade, reforçando a continuidade da dominação no que diz respeito à divulgação das informações. A sociedade acaba por tornar-se como um rebanho que recebe a informação previamente processada - o que leva o movimento social a dirigir-se para um caminho, também previamente escolhido pelos donos do poder.

4. JORNALISMO SOLIDÁRIO

Em reação a esta situação de domínio e aprisionamento do pensamento crítico do cidadão, surgem mídias alternativas, agindo diretamente nas comunidades. O crescimento do jornalismo solidário é proporcional ao aumento da concentração do controle sobre os meios de comunicação, conforme afirmação do jornalista Geraldo Canali:

A imprensa alternativa é também um destes sinais de reação às estruturas de pressão, opressão e dominação. Quanto mais concentrado o controle sobre os meios de comunicação, mais numerosas têm sido as iniciativas, ou tentativas de implantação de veículos localizados ou alternativos de comunicação. A pertinência destes veículos na atual conjuntura midiocrática pode ser avaliada[...] pela própria reação, furiosa, dos grandes grupos a qualquer iniciativa, por mais modesto que seja um jornal de bairro ou por mais circunscrita que seja uma rádio comunitária.” (DORNELLES & BIZ, 2006, Apresentação, p. 7).

O jornal de bairro, como um dos exemplos de jornalismo alternativo ou comunitário, atende às expectativas diretas da comunidade, na busca de resolver os problemas ligados ao cotidiano da região abrangida. Enquanto a grande mídia de massas faz a sociedade apenas absorver as informações que chegam através de seus veículos de comunicação, os jornais locais permitem a cidadania participativa. Os anseios das pessoas ligadas à comunidade podem ser divulgados em um veículo de fácil acesso e discutidos próximo à edição do jornal. Erros e acertos acontecem, mas com uma dinâmica muito mais coerente.
O jornal comunitário, normalmente, não tem um dono. Na maioria das vezes, mesmo tendo o profissional jornalista presente, uma associação de moradores é a responsável pela edição e distribuição do periódico. As edições, por não serem diárias, até porque demanda um custo muito alto, são elaboradas após reuniões e debates ocorridos na comunidade. Os erros, citados anteriormente, podem ser discutidos e corrigidos, diretamente, pelos envolvidos no processo de cidadania. “Convencionou-se chamar de – popular – estas formas alternativas de comunicação, feita pelo povo e para o povo. Ela é uma forma de comunicação que pode ter, em determinadas circunstâncias, um sentido instrumental imediato, uma íntima relação com o trabalho e a vida”. (Dornelles e Biz, 2006, p. 54).
Importante destacar que a comunicação popular tem a participação de diversos grupos da sociedade, além dos indivíduos e grupos pertencentes às classes sociais mais baixas:

Destacamos, ainda, que, muitas vezes, quando aparecem voluntários para organização e ação comum de uma comunidade, há interesse particular em jogo, como disputa por cargos no Legislativo e no Executivo. Entretanto, grande número de instituições, especialmente as que compõem o terceiro setor, também chamado de Economia Social pelos países da América Latina e da Europa, tem oferecido apoio aos setores mais carentes da sociedade por questões humanísticas e desinteressadas economicamente, que objetivam o bem comum. (DORNELLES & BIZZ, 2006, p. 55).

O jornalismo comunitário, conforme Dornelles e Biz (2006), tem por objetivo “atender aos anseios da comunidade como um todo, dando cobertura aos acontecimentos que tenham proximidade junto ao leitor, que, dentro do possível, determinará quais as notícias devem ser divulgadas pelo jornal, desde que não atendam a nenhum interesse particular.”
Na região da Grande Porto Alegre, temos o jornal “Repórter Popular”, que por sua auto definição, através de seu editorial, mostra o mundo como ele é - e não de cima pra baixo, como a maioria das mídias nacionais - e o jornal “Boca de Rua”, com oficina e edição na capital gaúcha. Ambos, direcionados à população da região metropolitana, apresentando reportagens que seriam, de certo modo, polêmicas, se divulgadas por veículos da grande mídia de massas. Conta, ainda, no caso do “Repórter Popular”, com a colaboração de profissionais de diversos setores, incluindo advogados que esclarecem os leitores, através da coluna ”Nossos Direitos”, com informações importantes para os trabalhadores, contribuintes, desempregados e demais interessados.
O jornal “Boca de Rua” foi lembrado por adultos que vivem nas ruas, em pesquisa coordenada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, sendo revelado como o Movimento Social mais conhecido pela população de rua:

A finalidade era mostrar o mapa e os locais de utilização da população de adultos em situação de rua de Porto Alegre/RS, assim como conhecer as suas especificidades de formação antropológica (dados étnicos, sócio-econômicos e culturais, estratégias de trabalho e geração de renda, formas de sociabilidade, identidade e representações sociais, formas de relação com instituições e demandas para as políticas públicas). Ao todo, 1203 adultos em situação de rua foram entrevistados. (ALICE)2

Tanto jornais como “Repórter Popular”, “Boca de Rua” e os jornais de bairro, fazem o leitor sentir-se próximo da notícia e da própria redação do jornal. Isso mantém o interesse, da comunidade-alvo, nestes meios alternativos de comunicação.

5. RÁDIO COMUNITÁRIA

A rádio comunitária, outra mídia alternativa, representante do jornalismo solidário, forma-se dentro das comunidades e direciona sua programação ao cotidiano da região onde está inserida. Ela tem a mesma função social, de consciência em busca da cidadania e participação efetiva da comunidade, que possui o jornal comunitário ou solidário. O diferencial da rádio para o jornal é a dificuldade da primeira em conseguir o direito de transmissão. Essa disputa pelo espaço aéreo, muitas vezes retarda um projeto de rádio ou, até mesmo, faz algumas transmitirem, mesmo sem outorga3, sendo consideradas clandestinas pelo Ministério das Comunicações4.
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2 Agência Livre para Educação, Cidadania e Educação – http://www.alice.org.br/portal/index.php - Acesso em 26 abr 2008

3 Outorga: Concessão, autorização. Fonte: Dicionário da Língua Portuguesa, Fênix, 1991). No caso das rádios é a concessão para uso do espaço aéreo.

4 A 5ª Turma Especializada do TRF da 2ª Região [...] que o funcionamento de emissora de rádio, mesmo sem fins lucrativos, é clandestino enquanto não for concluído o processo de outorga pelo Poder Executivo. [...]. Fonte: www.abert.org.br/novosite/clipping/clipping_resultados.cfm?cod=113460

As rádios comunitárias não seriam as “privilegiadas” de estarem atuando ilegalmente: Rádios de poderosos grupos de comunicação estariam, também, atuando com suas licenças vencidas, conforme o jornal “Repórter Popular”:

A ABRAÇO-RS não faz a separação entre rádios comunitárias com ou sem outorgas. De acordo com Líbero, rádios consideradas históricas dentro do movimento ainda possuem as licenças. E revida fazendo a mesma acusação de ilegalidade nas rádios comerciais: ‘ A ANATEL tem na página dela a informação de que no estado do Rio Grande do Sul existem mais de 200 emissoras comerciais com outorgas vencidas. [...] Eles é que são os piratas, até porque estão atrás do ouro da propaganda oficial’.(Ed. nº 3, maio, junho e julho de 2007, p. 8).

No Rio Grande do Sul, existe a Associação Brasileira de Radio-difusão Comunitária (ABRAÇO-RS), que trava diversas lutas com donos e gerentes de rádios comerciais. Estes últimos, representados pela Associação Gaúcha de Radio-difusão (AGERT). Existe a discussão sobre a legislação, que até mesmo as grandes corporações não respeitam e a repressão às rádios comunitárias pela Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL). Órgão que teria de ser o regulador do setor de comunicações.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os meios de comunicação, realmente, ocupam grande espaço em nossas vidas. A maioria das pessoas assiste os poderosos canais de televisão, ouve as grandes rádios comerciais e lêem o jornal mais tradicional da cidade. A consciência de que existe a distorção dos fatos jornalísticos e a manipulação das informações pelas grandes empresas jornalísticas, vem surgindo aos poucos. Em pequenos núcleos comunitários, através de mídias alternativas, as pessoas estão acordando para a realidade mais próxima de suas vidas, reivindicando através destes veículos, os seus direitos e anseios de cidadania, participando diretamente do processo de comunicação.
Cidadania não é um presente que um grupo de jornalistas e voluntários entrega a uma comunidade ou grupo social. A cidadania aparece, com a consciência de cada um destes indivíduos, que eram considerados parte de uma “massa”, fazendo-os participar profundamente da produção de notícias da mídia de sua comunidade.
O jornalismo solidário diferencia-se das grandes mídias de massa, por, justamente, vincular-se aos interesses destas comunidades ou grupos sociais. Promove ações, planejadas e organizadas pelos próprios formadores da comunidade. No caso do jornal “Boca de Rua”, não existe interferência para forçar os moradores de rua, a deixar as calçadas e partir para outro estilo de vida. Existe o respeito ao indivíduo, oportunizando, então, para este, um caminho de voz para a sociedade que fecha o vidro do carro, no sinal de trânsito.
O jornalismo solidário, além de ser um contra-ponto às grandes empresas de comunicação, traz novas alternativas também, para a sociedade das maiorias, que são chamadas de minorias por terem o menor número de direitos sociais, econômicos e até mesmo, políticos.
Por fim, a solidariedade no jornalismo apresenta às comunidades a clareza de que a busca da cidadania depende da consciência de cada indivíduo e de sua liberdade de escolha. Existe um espírito crítico em cada cidadão saudável e basta um estímulo para a capacidade de reflexão e crítica aflorar.


REFERÊNCIAS

ABRAMO, Perseu. Padrões de manipulação na grande imprensa. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2003.

DORNELLES, Beatriz. BIZ, Osvaldo. Jornalismo solidário. Porto Alegre: GCI, 2006.

MARCONDES FILHO, Ciro. Televisão: a vida pelo vídeo. São Paulo: Moderna, 1988.

TEODORO, Gontijo. Jornalismo na TV. Rio de Janeiro: Tecnoprint, 1980

Jornal Repórter Popular. Ano I. Nº 3. maio, junho e julho 2007.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Balada das arquivistas - Vinícius de Moraes

Oh jovens anjos cativos
Que as asas vos machucais
Nos armários dos arquivos!
Delicadas funcionárias
Designadas por padrões
Prisioneiras honorárias
Da mais fria das prisões
É triste ver-vos, suaves
Entre monstros impassíveis
Trancadas a sete chaves:
Oh, puras e imarcescíveis!
Dizer que vós, bem-amadas
Conservai-vos impolutas
Mesmo fazendo a juntada
De processos e minutas!
Não se amargam vossas bocas
De índices e prefixos
Nem lembram os olhos das loucas
Vossos doces olhos fixos.
Curvai-vos para colossos
Hollerith, de aço hostil
Como se fora ante moços
Numa pavana gentil.
Antes não classificásseis
Os maços pelos assuntos
Criando a luta de classes
Num mundo de anseios juntos!
Enfermeiras de ambições
Conheceis, mudas, a nu
O lixo das promoções
E das exonerações
A bem do serviço público.
Ó Florences Nightingale
De arquivos horizontais:
Com que zelo alimentais
Esses eunucos letais
Que se abrem com chave yale!
Vossa linda juventude
Clama de vós, bem-amadas!
No entanto, viveis cercadas
De coisas padronizadas
Sem sexo e sem saúde...
Ah, ver-vos em primavera
Sobre papéis de ocasião
Na melancólica espera
De uma eterna certidão!
Ah, saber que em vós existe
O amor, a ternura, a prece
E saber que isso fenece
Num arquivo feio e triste!
Deixai-me carpir, crianças
A vossa imensa desdita
Prendestes as esperanças
Numa gaiola maldita.
Do fundo do meu silêncio
Eu vos incito a lutardes
Contra o Prefixo que vence
Os anjos acorrentados
E ir passear pelas tardes
De braço com os namorados.

Antologia Poética
Poesia completa e prosa: "O encontro do cotidiano"

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Ciência

Ciência

A ciência tem relação com os aspectos políticos, sociais e culturais de cada sociedade. Com a evolução do tempo, alguns conhecimentos descobertos pela ciência, passam a ter maior valor do que outros, ao mesmo tempo em que algumas verdades podem até cair por terra. A ciência, como atividade, é realizada pelos cientistas, que têm além de pesquisar, questionar e procurar respostas para suas dúvidas, a função de arrecadar fundos e recursos para suas pesquisas e realização de seus trabalhos.
Consideramos ou temos tendência a considerar que a ciência pertence a um grupo específico, que detém o poder do conhecimento. Porém, a ciência faz parte de nossas vidas e diariamente convivemos com ela. Ou melhor, vivemos a ciência ou fazemos parte dela desde o momento em que o homem percebeu sua interação com a natureza. A ciência pode ser considerada um bicho de sete cabeças para alguns, mas ela não deixa de ser um interessante meio de entender o mundo à nossa volta. Naturalmente, as observações, questionamentos, tentativas e experiências nos fazem entender alguns mistérios. No entanto, além de nos fazer compreender muitos fatos, ela também nos possibilita a abertura para transformação deste mundo, seja ele social, geográfico, político ou cultural.
A ciência, em princípio, não inventa. Desconsiderando é lógico o fato de alguns profissionais forjarem resultados de alguma experiência ou projeto. Ela transforma e modifica a realidade ou o que entendemos por realidade, a partir do momento em somamos ao verbo saber, também o verbo fazer. Podemos dizer que a ciência depende da obtenção de informações, para processar suas pesquisas em busca de mais conhecimento, experimentações e alcançar suas conclusões que serão, por sua vez, fontes para futuras pesquisas. Assim como foi necessária a pesquisa e coleta de alguns dados para escrever este texto, as ciências, sejam naturais, políticas ou sociais necessitam da ciência da informação. Ciência dependendo de outra ciência, assim podemos dizer.
É a organização e a metodologia que traz a disciplina à ciência, o que faz muitos pensarem que a seriedade que a caracteriza, a deixa inacessível para a maioria. Estudando as informações divulgadas pelos estudiosos astrônomos, sobre o espaço sideral, por exemplo, podemos tentar entender um pouco o motivo de o sistema solar parecer funcionar tão perfeitamente. A função do cientista é justamente esse: além de saber ou refletir sobre o seu objeto de estudo o profissional deve fazer algo que transforme seu conhecimento em informação para a sociedade. Um biólogo por exemplo, pode saber que determinada região é o berço de uma espécie em extinção, mas tem o dever de fazer com que esta informação chegue aos órgãos competentes e ao público em geral, para sua devida preservação.
De nada adiantaria, a ciência estar amplamente discutida nas universidades se ela não alcança nosso dia a dia. Sua divulgação é de suma importância para a evolução da vida e do próprio conhecimento.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Mundo de Huxley

Admirável Mundo Novo - Aldous Huxley, 1931

O livro é uma fábula sobre o futuro das civilizações. Na nossa visão, de reles leitores, podemos considerar que a realidade do livro assemelha-se a um pesadelo social. Em princípio, somos livres e tomamos nossas próprias decisões. Não nos agrada a idéia de que possamos viver como um rebanho, onde nossos caminhos já estariam pré-definidos. A não ser que estejamos todos condicionados a pensar desta forma e aceitar com certa felicidade esta situação, como ocorre com a sociedade do Admirável Mundo Novo.
Na obra de Huxley, a ciência genética dita as regras de vivência e convivência, assim como controla os desejos de cada indivíduo da civilização profetizada. De acordo com a função social a que somos predestinados a pertencer, somos condicionados à felicidade e à anulação de qualquer indício que seja capaz de nos alertar para um eventual desejo de mudança pessoal.
Desde a escolha do óvulo e do espermatozóide, podemos pertencer à casta dos mais renomados gênios, escritores e cientistas ou até mesmo a um coletivo de funcionários de um fábrica, sem almejar qualquer alteração da situação em podemos nos encontrar. Para tanto, esta civilização consome doses diárias de Soma, um tipo de droga que garante a felicidade.
(...continua)

sábado, 12 de abril de 2008

McDonald`s_Produção em massa

Atividade solicitada em aula, por Maria do Rocio Fontoura Teixeira, professora da disciplina Administração Aplicada às Ciências da Informação.
Após a leitura do texto intitulado “Mais um pouco do Taylorismo...”, o trabalho foi realizado a partir do enunciado: “Discorra sobre quais outros princípios da produção em massa são largamente utilizados até os dias de hoje nas lojas McDonald´s e explique-os, com suas próprias palavras.


McDonald´s e os Princípios da Produção em Massa


Sem dúvida, os princípios da produção em massa são utilizados nesta grande rede de lanches rápidos. É importante salientar, antes de identificá-los, que os princípios adotados são, obrigatoriamente, aplicados em todas as lojas e franquias espalhadas pelo mundo. Além disso, uma das principais características da rede de lojas McDonald´s, é a identificação que o cliente tem com sua marca, atendimento e produtos, em qualquer estabelecimento, seja onde for.
Chegando a uma franquia aqui no Brasil, por exemplo, percebemos uma exatidão em vários fatores, em relação a alguma outra loja, já visitada, da mesma rede: logomarca, acesso, atendimento, produtos, instalações. Com raríssimas exceções, todo o mecanismo é igual em toda filial. Assim, teremos o mesmo atendimento e comeremos o produto com o mesmo gosto e apresentação que de outra vez experimentada.
Veremos a mesma forma de hierarquia entre os funcionários e a mesma organização, tanto na disposição dos equipamentos visíveis ao cliente, quanto na entrega do pedido. Quanto à última, interessante informar que o cliente faz o pedido e o pagamento direto no balcão de atendimento, levando, ele mesmo, à mesa, o produto que vai ser consumido. Exceto, quando usamos o serviço de “Drive Thru”, utilizado pelos consumidores que preferem não sair do veículo. Neste caso, fica evidente a agilidade no processo, quando pedimos e pagamos em uma janela de atendimento e recebemos o produto, em seguida, na janela à frente.
O planejamento é um princípio de produção em massa, utilizado em grande escala na rede McDonald´s. Ele está por trás de todas as outras tarefas executadas pelas pessoas que compõem a equipe de atendimento. Os métodos de execução das tarefas vêm planejados e já foram testados, para garantir sua eficiência. Seja na organização, na produção ou no relacionamento com os clientes. A especialização é outra qualidade notável neste sistema. Cada funcionário, de acordo com sua aptidão, tem uma atividade específica, onde foi preparado e treinado para realizá-la da melhor maneira possível.
O controle, finalmente, faz com que todas estas ações sejam realizadas, conforme os métodos pré-estabelecidos e que não ocorram desvios desta conduta, o que poderia prejudicar todo o andamento do processo de produção do serviço que está sendo prestado.

quinta-feira, 27 de março de 2008

Quem sou eu...ou “quens”?

Eu sou várias. Assim como não tenho uma opinião formada sobre muitas questões, apresento variadas faces, que surgem a cada momento, fazendo surgir novas formas de ver e pensar. Sou mãe, corretora, motorista, filha que cuida da mãe, despachante, estudante, amante dos animais, etc.
Sou corretora de seguros há seis anos e estudante de arquivologia há menos de um mês. Estou, ainda, à procura da felicidade e, talvez, a encontre, já que escolhi um curso com plena consciência e maturidade. Hoje, com trinta e quatro anos, ainda sinto que falta muita coisa para me sentir plenamente tranqüila neste mundo. Tranqüila no sentido de ver que meus esforços serão recompensados com algo concreto e que me dê prazer.
Sempre vivi em Porto Alegre. Na adolescência gostava muito de ir na “Osvaaaaaaldo”, principalmente nos domingos à tarde, naquela loucura tipo “Woodstock”. Estudei no Colégio Julio de Castilhos – diga-se de passagem: a melhor época da minha vida -, entrei na PUCRS para estudar Jornalismo, entrei na UFRGS para estudar História. Não completei os cursos e me sentia, até hoje, órfã de vontade e tempo para estudar. Minha vida pessoal, assim como a profissional, não estavam me agraciando com estes fatores.
Engraçado que, retornando, agora, aos bancos escolares, este tempo e esta vontade triplicaram. Normalmente, eu estaria neste momento, pensando em todos os problemas da semana que passou e nos que viriam, ressuscitados na semana seguinte. Pleno sábado à noite...
Estou feliz neste momento. Penso no fato de gostar de estudar, principalmente quando existe alguém para cobrar os questionamentos destes estudos. Tenho expectativas, das melhores, em relação ao curso. Pretendo me dedicar ao máximo, tanto na aprendizagem como na aplicação destes conhecimentos, mesmo ainda não conhecendo bem a função prática do arquivista. Mas penso que, organizar as informações que a humanidade produz ou busca, seja um ato de amor. Amor à perpetuação do conhecimento.

O que é Ciência?

A Ciência, provavelmente, tem a ver com a consciência e metodologia. Quando temos ciência, ou seja, quando somos conscientes de fatos, reflexões e observações sobre algo, procuramos respostas através da Ciência(estudo). Quando falamos em Ciência, seguidamente nosso imaginário depara-se com a imagem de um pesquisador cientista no ambiente de um laboratório, observando seu objeto de estudo, buscando respostas às suas indagações.

“...o que é Ciência é um problema polêmico e de solução discutível...”

O trecho acima foi transcrito da obra Introdução à metodologia científica: caminhos da ciência e tecnologia, de autoria de Gildo Magalhães. O que é Ciência, afinal? E o que é a Ciência da Informação que tanto citamos e analisamos em nosso curso?
No caso da informação, é o método que atém-se à análise, ao estudo, à observação, à reflexão e à busca a esclarecimentos e conhecimentos que cercam as informações. Assim como no domínio em relação à sua organização, manutenção e divulgação. Obviamente, outras Ciências produziram legados, crenças, explicações ou relataram fatos da humanidade. A Arquivística (ou Arquivologia), como Ciência da Informação, aprimora-se cada vez mais, no sentido de analisar seu objeto de estudo em todos os campos de conhecimento e perpetuar seus registros através de uma metodologia.
O Mundo está sempre em renovação. Assim como as informações não são absolutas e eternas, até mesmo o método e a técnica acerca da Ciência neste âmbito, está em constante mudança. Os pesquisadores e cientistas da informação, hoje em dia, têm a noção de que não existe uma verdade absoluta e que há a necessidade de considerar todas as visões e interpretações possíveis. Cientificamente, poderíamos pensar que existe uma lógica na consideração do que é útil, na manutenção e na organização de documentos, registros ou arquivos.
Mas podemos presumir que a lógica é algo estático e que a Ciência é algo que está em constante mudança. Se a arquivística é a Ciência que preserva e guarda as evidências de outras ciências, ela também é complexa e tem em seus profissionais a consciência de que existem várias realidades. De um modo geral, a Ciência é observação e a Ciência da Informação, além de observar, disponibiliza, de uma forma organizada e acessível, o conhecimento adquirido pelas diversas fontes de informação e saber.
No estudo da Ciência da Informação temos lido e assistido a vídeos que citam constantemente a Física Quântica. Talvez por ser a Ciência da incerteza e das possibilidades, ela vem para nos alertar sobre as diversas visões que precisamos ter sobre as realidades que nos são apresentadas, sejam próximas ou longínquas. Somos parte de um sistema, onde tudo interage e se complementa. As informações não vêm de apenas um lado e não serão divulgadas apenas para um sentido. Precisamos estar com a mente aberta para as mudanças, sejam externas ou internas.
Esta mensagem é clara no filme Mindwalk, do diretor Bernt Capra, inspirado no livro Ponto de Mutação de seu irmão, o físico Fritjof Capra. Do diálogo entre uma física, um poeta e um político, surgiram novas visões do Mundo para as três personagens. Cada um aprendeu com o outro, clareando assim, algumas questões que eram nebulosas, seguindo sua vida com a consciência de que as idéias não são absolutas e podem ser transformadas e que podem existir infinitas verdades e teorias sobre a vida.
Apoiando o conhecimento científico, em busca da consciência de que não existe uma absoluta realidade, é que segue a Ciência da Informação.

Lendo...

Lendo...
Lendo_Brincadeira de Paint

Maine Coon_filhotes

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