quarta-feira, 21 de maio de 2008

Balada das arquivistas - Vinícius de Moraes

Oh jovens anjos cativos
Que as asas vos machucais
Nos armários dos arquivos!
Delicadas funcionárias
Designadas por padrões
Prisioneiras honorárias
Da mais fria das prisões
É triste ver-vos, suaves
Entre monstros impassíveis
Trancadas a sete chaves:
Oh, puras e imarcescíveis!
Dizer que vós, bem-amadas
Conservai-vos impolutas
Mesmo fazendo a juntada
De processos e minutas!
Não se amargam vossas bocas
De índices e prefixos
Nem lembram os olhos das loucas
Vossos doces olhos fixos.
Curvai-vos para colossos
Hollerith, de aço hostil
Como se fora ante moços
Numa pavana gentil.
Antes não classificásseis
Os maços pelos assuntos
Criando a luta de classes
Num mundo de anseios juntos!
Enfermeiras de ambições
Conheceis, mudas, a nu
O lixo das promoções
E das exonerações
A bem do serviço público.
Ó Florences Nightingale
De arquivos horizontais:
Com que zelo alimentais
Esses eunucos letais
Que se abrem com chave yale!
Vossa linda juventude
Clama de vós, bem-amadas!
No entanto, viveis cercadas
De coisas padronizadas
Sem sexo e sem saúde...
Ah, ver-vos em primavera
Sobre papéis de ocasião
Na melancólica espera
De uma eterna certidão!
Ah, saber que em vós existe
O amor, a ternura, a prece
E saber que isso fenece
Num arquivo feio e triste!
Deixai-me carpir, crianças
A vossa imensa desdita
Prendestes as esperanças
Numa gaiola maldita.
Do fundo do meu silêncio
Eu vos incito a lutardes
Contra o Prefixo que vence
Os anjos acorrentados
E ir passear pelas tardes
De braço com os namorados.

Antologia Poética
Poesia completa e prosa: "O encontro do cotidiano"

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Ciência

Ciência

A ciência tem relação com os aspectos políticos, sociais e culturais de cada sociedade. Com a evolução do tempo, alguns conhecimentos descobertos pela ciência, passam a ter maior valor do que outros, ao mesmo tempo em que algumas verdades podem até cair por terra. A ciência, como atividade, é realizada pelos cientistas, que têm além de pesquisar, questionar e procurar respostas para suas dúvidas, a função de arrecadar fundos e recursos para suas pesquisas e realização de seus trabalhos.
Consideramos ou temos tendência a considerar que a ciência pertence a um grupo específico, que detém o poder do conhecimento. Porém, a ciência faz parte de nossas vidas e diariamente convivemos com ela. Ou melhor, vivemos a ciência ou fazemos parte dela desde o momento em que o homem percebeu sua interação com a natureza. A ciência pode ser considerada um bicho de sete cabeças para alguns, mas ela não deixa de ser um interessante meio de entender o mundo à nossa volta. Naturalmente, as observações, questionamentos, tentativas e experiências nos fazem entender alguns mistérios. No entanto, além de nos fazer compreender muitos fatos, ela também nos possibilita a abertura para transformação deste mundo, seja ele social, geográfico, político ou cultural.
A ciência, em princípio, não inventa. Desconsiderando é lógico o fato de alguns profissionais forjarem resultados de alguma experiência ou projeto. Ela transforma e modifica a realidade ou o que entendemos por realidade, a partir do momento em somamos ao verbo saber, também o verbo fazer. Podemos dizer que a ciência depende da obtenção de informações, para processar suas pesquisas em busca de mais conhecimento, experimentações e alcançar suas conclusões que serão, por sua vez, fontes para futuras pesquisas. Assim como foi necessária a pesquisa e coleta de alguns dados para escrever este texto, as ciências, sejam naturais, políticas ou sociais necessitam da ciência da informação. Ciência dependendo de outra ciência, assim podemos dizer.
É a organização e a metodologia que traz a disciplina à ciência, o que faz muitos pensarem que a seriedade que a caracteriza, a deixa inacessível para a maioria. Estudando as informações divulgadas pelos estudiosos astrônomos, sobre o espaço sideral, por exemplo, podemos tentar entender um pouco o motivo de o sistema solar parecer funcionar tão perfeitamente. A função do cientista é justamente esse: além de saber ou refletir sobre o seu objeto de estudo o profissional deve fazer algo que transforme seu conhecimento em informação para a sociedade. Um biólogo por exemplo, pode saber que determinada região é o berço de uma espécie em extinção, mas tem o dever de fazer com que esta informação chegue aos órgãos competentes e ao público em geral, para sua devida preservação.
De nada adiantaria, a ciência estar amplamente discutida nas universidades se ela não alcança nosso dia a dia. Sua divulgação é de suma importância para a evolução da vida e do próprio conhecimento.

Lendo...

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Maine Coon_filhotes

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Curiosidade